13 setembro 2006

Plural


Eu nunca permiti que uma alma fraca me roubasse energia. Ou sempre me enganei. Hoje a leveza acordou comigo e horas depois fui me sentindo fraca de um jeito que meus músculos não conseguiam esticar meus lábios. Assim, me calo.
Sozinha no carro, nem liguei o som. Não me deixei permitir, isso sim. E me cobro, como eu me cobro... assim foi por toda a manhã.


Num outro momento, e num patamar maior, uma angustia em querer carregar no colo pessoas grandes em momentos frágeis. Isso me tomou. Descobri a tarde que a angustia da manhã não era angústia, era pretensão. Quis então, ali e aqui, em pensamento e meras palavras jogadas, borradas, mal ditas, poder elevar quem estava sem chão. Foi quando pensei que carregar o grande pode ser mais fácil do que lidar com o pequeno. Sentir contagio com o sublime é desafiar a perdição.

Sua tristeza é bela. Sua tristeza é cheia, transborda beleza.

Sua, suas. Acabam sendo nossas.
Catarse.
Compaixão.

Ilustração: Sara Mello



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