29 novembro 2006

avisa que é de se entregar
ou viver.

16 novembro 2006

Recomendo O Ano Em Que Meus Pais Saíram De Férias: excelente cenografia e atuaçãoes. Enredo bacaninha. Ponto para o cinema brasileiro!

15 novembro 2006

Eu nunca vou ser o tipo de moça terninho. O tipo que limpa nervosamente a boca com o guardanapo quando come. O tipo que sonha com cavalos sendo alimentados com muesli. Eu nunca serei mocinha, dessas que secam o cabelo. De manhã e à noite. Daquelas que comem maçãs em vez de chocolate. Eu nunca vou me comportar como se espera. Eu nunca vou deixar de franzir a testa porque franzir a testa dá rugas. Eu não penso no quanto preciso fazer a unha. Eu não me preocupo se saí com uma meia de cada par. Eu não me preocupo com pares em geral, nem com meias. Eu acordo todos os dias às 7:28h porque odeio tudo o que é redondo.

Poucas vezes errei de caminho, mas é só porque os caminhos são tão tortuosos, tão sinuosos, que é difícil dizer quando terminei um e comecei outro, quando realmente escolhi ou quando fui a esmo. Na maioria das vezes, vou a esmo. Acredito demais nas minhas entranhas. Desconfio muito da minha capacidade de planejamento. Não sei o que vou estar fazendo daqui a cinco anos e chego atrasada em entrevistas de emprego (mas não me atraso para mais nada).

Odeio uniformidade, odeio unilateralidade, odeio unidireção, odeio “unis” em geral, inclusive uniões. Não acredito em uniões, para ser sincera. Acredito em andar junto. Fundir, não.

Acredito em caminhos tortos, mas não em errados. Nem em certos. Apenas espertos ou burros. Para caminho não se dá nota. Porque notas têm que partir de uma certeza absoluta e ir baixando quanto mais se afasta disso. Só que ninguém sabe de nada, ninguém tem o direito de saber mais, nem a capacidade. Ninguém entenderia porque um caminho limpo e reto me deixaria deprimida. Ninguém entende quando choro estando tudo, tudo bem.

E foda-se.

Não entendo como há gente to tipo terninho, do tipo que limpa nervosamente a boca com o guardanapo, do tipo que sonha com cavalos e seca o cabelo. Não entendo, não faz parte do meu mundo, rio de ironia (são pessoas que ainda não entenderam que vão morrer). Ou de tédio. Rio dos textos lineares. Acho graça em quem tenta fazer da literatura uma arte exata (se isso existe). Não rio de raiva (embora possa acontecer). Rio porque acho fofo. Elementar. Uma infamiliaridade com a escrita igual a que eu tenho com um pincel. Ou com um guardanapo grande.

Mas tento ao máximo respeitar. Tem gente que sabe onde vai estar daqui a um mês e realmente sabe. Eu não sei. Eu prefiro ser surpreendida no meio do caminho. Mudar meu curso, voltar, cortar caminho, ser pega pela polícia, chutar e ser presa, chorar, depois rir de tudo e vir contar. Não sei o que me fará feliz. Sei o que me faz.

Ah, chega.


10 novembro 2006



Senti ciúme. E ontém senti frio também, mas não tão bom quanto o da brisa. A não ser que fosse sem forma, que a ele não fosse delegada nenhuma solução, porque em si é onde ele se bastaria, sentir-se ia. Ou iam?
Seria então de cumplicidade maior, num deixar mais sereno, já que diferente não poderia ser. Não teria referência, não seria vivido. Poderia até não ter sofrido, porque da soma faria medo, compensar descompensado; construído, destruído, detonado.
O frio foi olho d'agua. Interrogação. Um quê que leva pra não sei onde. Tudo novo. Tudo novo de novo.

Unilateral

Parece que tem uma bolinha de ar pequenina dentro da narina direita. A cada inspira-expira, uma cócega. A cada cócega, lágrimas e lágrimas. Mas só pelo olho direito.
Assim estou desde que ressucitei da minha cólica: chorando por um olho só. E desta vez não há metáforas.

06 novembro 2006

naquele dia a angustia me pegou secretamente, mas meu sorriso sempre foi meu melhor disfarce. hoje cedo foi uma brisa forte que soprou. e frio de brisa é sempre bom.
todas as portas e janelas devidamente abertas: assim a tal semana se inicia.

01 novembro 2006