20 novembro 2005

Mentirinhas

Por trás das paredes
Dos prédios altos
Fincados nos topos
Dos morros
Das coberturas
Com piscina
Dos conjugados
Sem vergonha

Das janelas
E monitores apagados
Do rosto triste
Da criança na rua

Sonhando lençóis limpos
E cabelos claros
Do sangue derramado
No meu tapete
Dos pontos abertos
Que nunca fecharam
Dos beijos que deram
Para não dormir sós
Do sonho que sonharam
Para esquecer de morrer
Da musica que embala
Um cinema vazio
Da prece que ecoa
Numa igreja vazia
Dos quartos de hotéis vazios
Às quatro e meia da manhã
Das ondas que quebram vazias
Às quatro e meia da manhã
Dos bares e garrafas vazias
Às quatro e meia da manhã
Do samba triste e sem dono
Às quatro e meia da manhã
Do latido de todos os cães
Às quatro e meia da manhã
Por trás de tudo isso
Às quatro e meia da manhã
Tem eu
E tem você


Por JOÃO PAULO CUENCA

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