16 outubro 2006

Tua ansiedade


(ilustração: Sara Mello)

Eu já tinha te dito que essa sua ansiedade não ia te levar a nada. Essa tua mania de não fazer mistério, de acreditar que abrir-se é aflorar-se, mas para aflorar precisa regar. Não é unânime esta beleza pura dentro de ti. Essa ingenuidade carente que aperta teu coração não te permite fazer vento, nem brisa, nem mar. Já te disse – e você já prometeu – cuidar mais de si. Do teu canto, das tuas conquistas, do teu coração e da tua coragem. Prometeu em palavras ditas e escritas, em preces secretas, meros papéis rasgados em sonhos sombrios e, na verdade, estas promessas só fazem sentido para você mesma. Ninguém nunca revindicará o mal que faz a si, porque é um mal silencioso que anda te corroendo ao longo dos anos, te fazendo sentir dessa forma que não pode comunicar a ninguém, só a mim. Estou aqui, bem perto, até o fim, seja ele qual for. E que ele brote da tua mais profunda vontade.

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