17 agosto 2005

O sonho não acabou

Há três meses posso dizer que estou sem lar. Perdida, abandonada, sem o “coração de mamãe”. Sem meu emprego querido, minhas bandas prediletas, minha Original que vinha quase andando sozinha, caipirinha de saquê com adoçante, black label sem muito gelo. Sem música ao vivo, simplesmente porque não dá, precisei dar um tempo.

Não podia mais fitar o outro lado do bar e ver o Leão, rei da selva, vibrando igualzinho como no começo, discotecando só para raros. Já não abraçava meus colegas da mesma forma. Já não trocava sorrisos cúmplices, que por si só, diziam tudo sobre estar lá.

Lembro das muitas sextas - feiras que chegava de carona na Faap, sempre sem dormir, logo depois da saidera e da última partida de truco. Do G Wood e seu violão mágico, de A Wood e Led Zeppelin. Tum tum tum.

Tinha o Jimi, a Janis, Smiths, Guns, Elvis, Beatles, Cazuza e até a Sheryl Crow. O gato preto, o exorcista, eat flowers e transporting. JUST WONDER WHO THE FUCK YOU ARE ON A SUNDAY MORNIG. Num domingo de manhã eu era feliz. Mais feliz do que consigo ser agora.

Começou a dar saudade das ligações-fora-de-hora, da desorganização, das ressacas, das surpresas sempre bem vindas. Da música alta e às vezes artodoante. Do empurra-empurra, do maldito (sorry, não tem outro adjetivo) cheiro de cigarro com batata frita, do sanduíche - gordo - do Beto.

As fotos e lembranças da minha festa de aniversário já se tornando clássicas de um tempo que não volta mais. Ou não. Seria tudo isso necessário? Tenho certeza que sim.

Uma quase impaciência de ter que responder: “Manu, e o Básico?”. Como aperta. E como dói. Uma dor tão forte que impossível de ser descrita num blog, e até para mim mesma. Só eu sei.

Hoje é o dia: aniversário do Romeu.
O que fazer ou dizer para agradar quem hipocritamente tenta comemorar a falta de alegria?

Meu último e alegre aniversário serviu para lembrar arrepiada a falta que tudo isso faz. O aniversário dele serviu para firmar que tudo estará de volta. Em 3 semanas!

Tudo novo, mas tudo igual: o Jimi, a Janis e o Cazuza. O Leão, o gato preto e o exorcista. Para exorcizar para sempre a falta de sorte e de responsabilidade. Exorcizar o pessimismo, a descrença e a desunião.

O Básico para mim é muito mais que tudo isso. Não consigo, não dá pra explicar.
Só sei que vou amanhecer pulando. De salto alto e pé inchado, mas pulando alto. Feliz.

Dias contados para a minha falta de alegria, que tinha nome e eu já nem sabia.
Um pouco mais de mim mesma.
Um pouco mais de nós.

Cheers darling, cheers.

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