02 abril 2003

Parece piada, mas é verdade.
Hoje no trânsito, duas meninas me deram tchau e me chamaram de Fernandinha. Não tive outra reação a não ser ficar sem graça e fingir que não foi comigo. Mas isso já foi há anos, como pode?! Pera aí, deixa eu explicar:

Quando eu tinha onze anos, minha tia Leila falou pra mim: "Manu, fiz sua incrição no Programa de Férias do Clube Pinheiros!". Tratava-se de um programa de férias, como o própro nome diz, onde a criançada passava o dia todo no clube fazendo N atividades. Tipo coisa de acampamento. Bom, adorei, eu e meus primos iríamos todos os dias juntos, bem legal...
Um dia antes, a tia Leila vira e fala pra mim: "Manu, é o seguinte: a partir de agora seu nome é Fernanda, porque você sabe, você ainda não é sócia do clube, e quem não é sócio não pode participar!"
Eu, uma CRIANÇA em busca de diversão, é lógico, aceitei.
Detalhe: Minha prima Fernanda na época tinha quatorze anos, e eu, além de tudo, tinha que passar por essa idade.
No primeiro dia, a primeira atividade era a divisão dos grupos. E por idade.
Caí num grupo chamado Marcha Ré (nada sugetivo, né?!) onde a idade mínima era treze anos. Fiquei por lá. De cara meu apelido virou Fernadinha. Se hoje eu tenho 1,59 de altura, acredito que na época eu tinha no máximo 1,48. Todas eram desenvolvidas, tinham peito e eu nem sutien usava. Desencanei das comparações e resolvi curtir... Foi bem legal. Fiquei popular por todo o Programa de Férias como a minhonzinha, queridinha da turma. Me dei muito bem com as meninas e tal. Às vezes elas ficavam me fazendo perguntas de matérias do ginásio (eu falava que estava na sexta, mas na verdade estava na quarta série), mas tudo bem, minha versatilidade me salvava.
O único problema de vários dias era na hora de ir embora. Fred, Carlinhos e Roberta (meus primos) gritavam em coral: "MANOELA, A MAMÃE CHEGOU, VAMO EMBORA!". Daí eu, na rodinha de amigas, me fazia de desentendida e depois saia andando.
Um dia não teve jeito. Todas me enquadraram me fazendo mil perguntas. Tive que falar que meu nome era Fernanda Manoela. Sorte que na época nem identidade eu tinha, porque até isso elas me pediram.
Consegui aguentar o Programa de Férias até o final e, de certa forma, tudo correu bem.
Mês seguinte virei sócia do clube. Mas quem disse que dava pra eu frequentar?! Eu andava pra cima e pra baixo e minha identidade era única: Fernanda Estellita.
Tive que me ausentar... Passei em média um ano sem ir lá, até que me increvi no treino de volei. Chegando lá, a técnica do time era exatamente a monitora do Marcha Ré. Ela não entendeu nada, mas eu me expliquei e ficou tudo bem. Passei a me sentir eu mesma e deixei essa história toda pra trás.
Ironia do destino ou não, encontro hoje no trânsito aquela que era a minha melhor amiga do Marcha Ré... O engraçado é que nem o nome dela eu lembro...

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