SE ALGUÉM TOCAR SEU CORPO COMO EU NÃO DIGA NADA
NÃO VÁ DIZER MEU NOME SEM QUERER A PESSOA ERRADA
Nestas impressões sem nexo, nem desejo de nexo, narro indiferentemente a minha autobiografia sem fatos, a minha história sem vida. São as minhas confissões, e, se nelas nada digo, é que nada tenho a dizer.
27 dezembro 2002
26 dezembro 2002
Escrevo isto sob a opressão de um tédio que parece não caber em mim, ou precisar de mais que minha alma para ter onde estar. De uma opressão de todos e de tudo, que me estrangula e desvaira; de um sentimento físico da incompreensão alheia que me pertuba e esmaga.
Mas ergo a cabeça para o céu azul alheio, exponho a face ao vento inconscientemente fresco, baixo as pálpebras depois de ter visto, esqueço a face depois de ter sentido.
Não fico melhor, mas fico diferente...
DO LIVRO DO DESASSOSSEGO, FERNANDO PESSOA
Mas ergo a cabeça para o céu azul alheio, exponho a face ao vento inconscientemente fresco, baixo as pálpebras depois de ter visto, esqueço a face depois de ter sentido.
Não fico melhor, mas fico diferente...
DO LIVRO DO DESASSOSSEGO, FERNANDO PESSOA
" Não tiro minha lucidez das estrelas,
e sem dúvida acredito-me conhecedor de astrologia,
mas não para dizer de boa ou má sorte,
de pragas, de mortes, ou qualidades das estações,
tampouco posso prever a fortuna em breves minutos,
assinalando a cada um seu trono, chuva ou vento,
ou prever aos príncipes se tudo sairá bem
com frequentes presságios que encontro no céu.
Mas de teus olhos eu tiro meu conhecimento
e nas estrelas fixas leio tal arte:
que verdade e beleza floresceram juntas se te converteres em guardião de ti mesmo. Do contrário prognóstico isso:
que teu fim será o término da verdade e da beleza."
SHAKESPEARE , SONETOS DE AMOR
e sem dúvida acredito-me conhecedor de astrologia,
mas não para dizer de boa ou má sorte,
de pragas, de mortes, ou qualidades das estações,
tampouco posso prever a fortuna em breves minutos,
assinalando a cada um seu trono, chuva ou vento,
ou prever aos príncipes se tudo sairá bem
com frequentes presságios que encontro no céu.
Mas de teus olhos eu tiro meu conhecimento
e nas estrelas fixas leio tal arte:
que verdade e beleza floresceram juntas se te converteres em guardião de ti mesmo. Do contrário prognóstico isso:
que teu fim será o término da verdade e da beleza."
SHAKESPEARE , SONETOS DE AMOR
Eu quero um colo, um berço, um braço quente em torno ao meu pescoço, uma voz que cante baixo e pareça querer me fazer chorar.
Eu quero um calor no inverno, um estravio morno da minha consciência; depois sem som num sonho calmo, num espaço enorme como a lua rodando entre as estrelas.
DO LIVRO DO DESASSOSSEGO, FERNANDO PESSOA
Eu quero um calor no inverno, um estravio morno da minha consciência; depois sem som num sonho calmo, num espaço enorme como a lua rodando entre as estrelas.
DO LIVRO DO DESASSOSSEGO, FERNANDO PESSOA
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