Nestas impressões sem nexo, nem desejo de nexo, narro indiferentemente a minha autobiografia sem fatos, a minha história sem vida. São as minhas confissões, e, se nelas nada digo, é que nada tenho a dizer.
04 setembro 2008
Depois de alguns anos juntos, se separaram por questões conjugais, não por ausência de amor. Enjaularam-se dentro de si, pincelando o orgulho e a decepção com cores pastéis, tons de melancolia armada e desarmada; noites geladas, manhãs frias, alma empedrada. Ele joga nela a responsabilidade de amá-lo por todo o sempre. Ela se esconde, porque o ama tanto aqui e agora que - sem ele - não enxerga um passo a frente.
Usam sua dor para compor belas e tristes melodias e mantêem entre si uma distância friamente calculada, para que a solidão - já derramada da jaula - possa por aí se espalhar, tornando o mundo mais cinza, refletindo o seu vazio. Temem um ao outro, abrem janelas e fecham portas, voltam sempre para o mesmíssimo lugar.
O dia de hoje amanheceu de olhos inchados, respiração congestionada, uma velha - mas não estranha - inquietação. As lágrimas que antes caíam em silêncio, hoje gritaram com o mesmo tom de voz de um ano atrás. Parece que o tempo congelou.
Há bem mais de doze meses duas pessoas se resistem dolorosamente. Infinita ou interrompida, triste ou feliz, essa é a história de amor que hoje me fisgou.
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