se alguma possibilidade de estar em teus braços novamente me ocorreu ontém, creio que ela me trouxe allegria. bom saber que é isso que me despertas. já me apaixonei pela raiva, pela insegurança, já projetei outros olhos nos meus querendo encaixá-los dentro de visões tão claras e distintas. ja me apaixonei pela distância, pelo não amado, pelo não admirado. me apaixonei então pela incerteza, pelo ciúme que ele gerava em mim, pelas músicas que me remetiam a nós, num estar tão monótono, solitário, infantojuvenil; rico de poesia, mas ausente de cor, ainda que fosse um cinza chumbo, mas nítido aos olhos e ao coração. me apaixonei pela minha própria dor, pela minha amargura, pelo não estar em mim mesma. tive que fazer meu coração entender a tal diferença entre a paixão e projeção, entre o que se tem e o que não se acessa, e de repente, por algumas horas, voltei à estaca zero quando olhei para dentro de mim e senti allegria. foi o que eu senti. foi por você e não por mim. um brinde às sensações nobres.
(Ilustração: Sara Mello)
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