Fiquei sem palavras.
Como de costume digo: minha droga é o rock' n roll. Viajo, deliro, tenho sensações jamais sentidas, vou para lugares desconhecidos, onde eu jamais estaria senão com a magia do bom, velho e novo rock'n roll. Desta vez me calei.
O show do Rolling Stones me surpeendeu. Como pode 1 milhão e meio de pessoas de todas as classes socias em harmonia por um propósito em comum?
Fui para o Rio sem saber o que esperar do show, da violência, da organização. Mas fui e fui feliz. Três horas e meia de caminhada até Copacabana e a energia só se elevou a cada quilômetro. Quando cortamos caminho pela rua paralela a praia vivenciei a mais pura definição do caos, mas essa parte pula, porque de fundo, eu relevei.
Quando - finalmente - chegamos na areia começamos a rir. Ao fundo os Titãs cantavam Sonífera Ilha e nós lá, mais acordados do que nunca. O som tava ok, o palco - gigante - tava mais em vista do que eu esperávamos, só me restava rir mesmo.
Quando o show começou caminhamos mais pro meio, os morrinhos de areia aos poucos foram desmoronando e meus olhos - nos meus quase 1,60 de altura - alcançando perfeitamente um dos telões da areia, metade do telão do palco e boa! Pra trás tinha um mar de gente e uma lua de tirar o fôlego. Para a esquerda uns 100 barcos iluminados bem perto da costa. A minha direita - isso foi foda - todos os prédios lotados de gente do primeiro ao último andar e a minha frente mais e mais gente e os queridos Stones quebrando tudo pra valer. O Mick Jagger só pode ter parado no tempo, não é possível tanta energia. Valeu tudo, a expectativa, as companhias, a panturrilha doendo e o caos depois do show, afinal o Leblon já estava mais longe do que nunca e só nos restava andar, andar e andar.
Domingo ensolarado, praia do Leblon, Suvaco do Cristo, Baixo Gávea, Dutra de madrugada e finalmente dia 20 chegou!
Meu frio na barriga começou forte às 5 da tarde e não parou mais.
Já no Morumbi, quando eu estava chegando no portão 2, começou um agito muito forte de fãs e quando olhei pro lado - eu tava rente a grade do estádio - há três metros de mim estava o Bono, em cima de um carro, com seu chapéu de palha cowboy, acenando para nós lá fora (sou eu que persigo o Bono ou é ele que me persegue?!). De novo entrei rindo, gargalhando, feliz da vida, fazer o quê?
Quando a energia nos conecta a alguém não é preciso celular, entramos e já encontramos quem precisávamos sem marcar ponto de encontro. Sintonia, sincronismo, sintonia, sincronismo. A-mo!
O show do Franz Ferdinand, que eu adoro, foi relevante. Legal, mas a responsabilidade de abrir U2 é grande.
Tô ficando sem palavras de novo.
Olha, foi aquilo que vocês viram ao vivo, ou pessoalmente, e muito mais. Ficar na pista foi perfeito, chorar com Miss Sarayevo e the universal declaration of human rights foi perfeito. Olhar os sorrisos, ouvir os berros, o som redondo, os efeitos de uma cenografia alucianante, o escuro com milhares de celulares acesos, o coro em Elevation e Beautiful Day a serenidade dos amigos, a saudade de quem tava longe, um pouco de muito amor num mundo muito, muito cruel.
Demagogia demais? Talvez, mas um espetáculo de caráter universal, onde não é preciso falar inglês para entender que o mundo precisa de mais amor e menos ambição. Falo de amor ao próximo que Vertigo pregou como COEXISTÊNCIA. É o fato de não apenas existir, mas fazer-se existente pelo outro e para o próximo, principalmente. Assim é que eu entendo.
Love. The secret is yourself.
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