Nestas impressões sem nexo, nem desejo de nexo, narro indiferentemente a minha autobiografia sem fatos, a minha história sem vida. São as minhas confissões, e, se nelas nada digo, é que nada tenho a dizer.
21 março 2005
A boa de sexta-feira
Sexta a cidade parou. Eu sei que São Paulo já não anda, mas essa sexta foi demais. Sorte de quem estava em casa sem pretensão de sair até de madrugada, pelo menos...
O trânsito foi foda, diria dos piores, e sei que pra quem tava na rua não estava sendo diferente.
Entre uma passada de primeira marcha para o ponto-morto a gente pensa em várias estratégias de fuga, mas nenhuma palpável dentro daquele - como Zito diz - frapê de automóveis com gelo e areia.
Para Karen foi diferente. Essa eu preciso contar!
Estava ela - e sua paciência - indo para o C&C, quando ela resolve largar o carro uns seis quarteirões antes e ir a pé até lá. Ok...
Na volta sua (im) paciência se esgotou e ela resolveu deixar o carro por lá mesmo... Precisava chegar na Sto Amaro e pegar um ônibus, só o corredor de ônibus poderia ser melhor.
E assim, Miss Pisacane foi, caminhando em meio ao Brooklin Velho e falando no telefone pra ficar menos tensa:
- Oi Bianca. Larguei meu carro e tô andando até a Santo Amaro para pegar um ônibus e voltar pro escritório. Fala comigo que eu tô com medo... tô perto de uma favela.
- Blá blá blá blá blá
- Ah, já sei.... vou subir pela Água Espraiada, pelo menos tem mais movimento que aqui...
- Blá blá blá blá blá
- Ai amiga, deixa eu desligar que eu vou pedir pra Deus mandar um anjo da guarda pra me proteger...
QUANDO KAREN ESTAVA GUARDANDO SEU CELULAR, ENCOSTA UM MOTOQUEIRO:
- Não, não guarda este celular, pode passar ele aqui.
- Não moço, eu não vou te dar meu celular...
- Me passa seu celular!
- Não moço, eu acabei de pedir pra Deus me enviar um anjo da guarda, não um ladrão... Então você só pode ser meu anjo da guarda, não um ladrão! O senhor tem que me ajudar!
- Tá bom, então não vou levar seu celular...
- É, moço, e você ainda vai me ajudar! Eu preciso chegar até a Santo Amaro e tô morrendo de medo, o senhor podia me levar até lá.
E ASSIM, KAREN SOBE NA GARUPA DE SEU ANJO-LADRÃO, DÁ AQUELA ABRAÇADINHA EM SUA CINTURA E TOMA SEU RUMO.
CHEGANDO NO PONTO, KAREN AGRADECE:
-Obrigada meu anjo! Agora eu consigo chegar lá!
O ANJO-LADRÃO FALA:
- Mas você precisa de dinheiro pro ônibus?!
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