27 setembro 2010

24 setembro 2010


I love you, but one or both of us is/are fictional.

Kim Addonizio


22 setembro 2010

Setembro, 2007


eu descobri que te amo. claro que eu já tinha te dito isso, mas agora eu descobri que amo. de verdade.

as últimas semanas foram difíceis para mim. quis me distanciar por achar que eu conseguiria me livrar da angústia que me sufocava e percebi que uma nova angústia pairou aqui dentro. a angústia de não sentir seu cheiro, de não tocar tua pele, de fechar os olhos todas as noites sabendo que não estava ali para me olhar. a angústia de não saber por onde e com quem andava, se sonhava comigo, se sentia falta do meu beijo, do meu toque, da minha voz.

nestes dias sombrios meus sonhos foram cheios de você, do seu sorriso, da sua cara de medo que às vezes faz, da sua feição de afeto por me ter ao seu lado, do seu sorriso melódico cantando beatles. dos seus braços me envolvendo para dançar aquela música na sua cabeça, da sua cara de tesão tentando me acordar. queria sentir seu rosto colado ao meu, sua respiração quase muda morrendo de prazer na cama. nossa, que saudade de nós na cama... não pensei que fosse dificil não encarnar a namorada neurótica de todas as manhãs, não ensaboar meu pinto na hora do banho, não passar meu creme no seu rosto antes do trabalho. queria saber qual era a cor da sua gravata, se já tinha cortado o cabelo de novo, o quão estaria feliz com a vitória do são paulo e com quem estaria bebendo para comemorar. queria saber se eu estava na sua cabeça quando conversava com alguém na balada, se havia escolhido sair com aquela camiseta porque foi eu quem te deu. se chegava em casa bêbado, dirigindo, acompanhado ou não. se os dias do fim de semana eram ainda cheios de trabalho e quem procuraria para contar como foi. se estava visitando os decorados e, quando o fazia, se lembrava de nós dois. pensei no cheirinho do seu carro novo, na música que tocaria no disc man, se meus cds estavam de lado, se sentia falta do seu case na minha casa. pensei na sua camisa branca, cueca, jeans, no tenis azul, nos filmes que ficaram por aqui. no whisky que abrimos juntos, na pizza congelada que comprei para você, no presentinho que ainda não te dei.

se sua nova rotina estaria deixando para trás a nossa vidinha tão comum e especial. se seus amigos perguntavam de mim, se você dizia que tinhamos terminado. me perguntava que nova vida estaria procurando para você. se sentia vontade de beijar outro alguém, se se despiu para alguma outra mulher, se procurou alguém do passado pra curar a dor, se olhou para alguém pensando em um novo futuro para você.

se pensou em mim, com quem eu estava, que calcinha eu usava, se com alguém eu transava. se passou em frente ao meu trabalho e teve frio na barriga. quantas vezes pegou o celular para me ligar e não o fez. se contou para sua familia que estava sem mim, se releu minha carta, se procurou nossas fotos, se procurou saber de mim. pensei nisso tudo. aí pensei que te amo. pensei que quero viver com você acima de qualquer outro sentimento que possa haver em mim neste momento.

nos encontramos rapidamente duas vezes, estes encontros que a vida nos prega sem a gente entender por quê. tive frio na barriga, pensei incessantemente em você. mais dias e noites foram passando e me acostumar com o vazio passou a me incomodar. algumas lembranças fugiam, um medo de esquecer sabendo que se está esquecendo. um medo de ter de volta e não saber o que fazer. um medo da distância que se estabeleceu entre nós.

dos mundos um tanto já distintos, uma mensagem de madrugada. uma, duas, três ligações logo em seguida. sua voz dizendo que queria me ver. te esperar cinco infinitos minutos na "nossa casa'', ouvir seu carro chegando, a campainha tocando. fui até você. já não era rotina, mas era bom. você estava fantasiado, parecia um menino. seu sorriso lindo, doce. seu jeito de me olhar como mulher. te coloquei em minha casa novamente. sentamos, nos olhamos, bebemos, fumamos. cantamos, dançamos, nos sentimos. rimos muito, estavamos felizes e despreocupados. você me despiu, eu te despi loucamente. continuamos dançando nus sob a penumbra da noite, das luzes coloridas da casa, das músicas de nós dois. senti seu coração bater no meu peito, sua respiração no meu colo, seu braços em minha cintura livre, seu corpo novamente junto ao meu. nus. você não queria dormir, queria emendar o ontém e o amanhã. eu quis fazer deste o nosso infinito momento. falamos em recomeçar.

fizemos amor como se fosse a primeira ou a última vez. acordamos felizes, unidos, satisfeitos e insaciáveis. nos despedimos como dois adolescentes, pensamos um no outro ao longo do dia. veio o domingo cheio de trabalho, a falta que você me fez. seu telefonema de madrugada, noite de muito sono, segunda-feira, sentimento de amor.

o que sinto é amor, meu amor. o que sinto é que estamos aqui de novo e que não sabemos para onde vamos. sei que te quero e sei como. sei que me quer, mas não sabe como. cada contato mostra infinitas possibilidades. não sei o dia de amanhã, nem o depois. sei que te amo, sei que agora não me engano. tudo novo. tudo novo de novo.

20 setembro 2010



(...)

A vida segue, o belo é que nós não somos descartáveis. Há alguém muito perto do outro, que olha, que observa. Faz sorrir. E há alguém que está, mesmo sem ser, como se não precisasse, imperceptível.

Tenho um jeito meio desajeitado de dizer as coisas, meio prolixo, meio cheio de curvas, um jeito tão sem precisão que me faz ter vergonha de fazê-lo. Não: decidi não sentir vergonha de nada que eu seja capaz de sentir.

E essa madrugada? Eu, sinceramente, acho que o tempo vai fazer eu me esquecer de você e você se esquecer de mim. Por isso, escrevi isso. Para deixar registrado.

Eu me sinto melhor com tua presença. Aí. Aqui. Acima das nossas cabeças.

Fique feliz, fique bem feliz, fique claro. Queira ser feliz. Te envio as melhores vibrações.

Mesmo que a gente se perca, não importa. Que tenha se transformado em passado antes de virar futuro. Mas, que seja bom o que vier: para mim, para você.

Te escrevo isso por absoluta necessidade de sinceridade. Hoje tem noite e amanhã tem sol.

- Me queira bem.