Nestas impressões sem nexo, nem desejo de nexo, narro indiferentemente a minha autobiografia sem fatos, a minha história sem vida. São as minhas confissões, e, se nelas nada digo, é que nada tenho a dizer.
18 fevereiro 2010
11 fevereiro 2010
catarse
ca.tar.se sf (gr kátharsis)
1 Purgação. 2 Purificação. 3 Psicol e Med Método de purificação mental que consiste em revocar à consciência os estados afetivos recalcados, para aliviar o doente dos desarranjos físicos e mentais oriundos do recalcamento.
ca.tar.se sf (gr kátharsis)
1 Purgação. 2 Purificação. 3 Psicol e Med Método de purificação mental que consiste em revocar à consciência os estados afetivos recalcados, para aliviar o doente dos desarranjos físicos e mentais oriundos do recalcamento.
Eu tinha para mim que catarse era o espelho das dores, alegrias ou quaisquer emoções; a ação de expressar emoção a partir da emoção do outro. Doação? Comoção? Sim, mais ou menos por aí. Eis que consultei o dicionário e percebi que a avalanche do que sinto agora - através do outro - pôde, então, ser perfeitamente resumida em apenas três sílabas; percebi que o seu mundo cinza escuro também reside dentro de mim.
Acredite, sinto a tamanha dor do seu desconforto com o mundo, anjo meu. E dedico esse texto - o meu preferido do Pessoa - a você, somente a você:
"Não sei sentir, não sei ser humano, não sei conviver de dentro da alma triste, com os homens, meus irmãos na Terra. Não sei ser útil, mesmo sentindo ser prático, cotidiano, nítido. Vi todas as coisas e maravilhei-me de tudo. Mas tudo ou sobrou ou foi pouco, não sei qual, e eu sofri. Eu vivi todas as emoções, todos os pensamentos, todos os gestos e fiquei tão triste como se tivesse querido vivê-los e não conseguisse. Amei e odiei como toda a gente. Mas para toda gente isso foi normal e institivo. Para mim sempre foi a exceção, o choque, a válvula, o espasmo.
Não sei se a vida é pouco ou demais para mim. Não sei se sinto demais ou de menos. Seja como for a vida, de tão interessante que é a todos os momentos, a vida chega a doer, a enjoar, a cortar, a roçar, a ranger, a dar vontade de dar pulos, de ficar no chão, de sair para fora de todas as casas, de todas as lógicas, de todas as sacadas e ir ser selvagem entre árvores e esquecimentos."
Acredite, sinto a tamanha dor do seu desconforto com o mundo, anjo meu. E dedico esse texto - o meu preferido do Pessoa - a você, somente a você:
"Não sei sentir, não sei ser humano, não sei conviver de dentro da alma triste, com os homens, meus irmãos na Terra. Não sei ser útil, mesmo sentindo ser prático, cotidiano, nítido. Vi todas as coisas e maravilhei-me de tudo. Mas tudo ou sobrou ou foi pouco, não sei qual, e eu sofri. Eu vivi todas as emoções, todos os pensamentos, todos os gestos e fiquei tão triste como se tivesse querido vivê-los e não conseguisse. Amei e odiei como toda a gente. Mas para toda gente isso foi normal e institivo. Para mim sempre foi a exceção, o choque, a válvula, o espasmo.
Não sei se a vida é pouco ou demais para mim. Não sei se sinto demais ou de menos. Seja como for a vida, de tão interessante que é a todos os momentos, a vida chega a doer, a enjoar, a cortar, a roçar, a ranger, a dar vontade de dar pulos, de ficar no chão, de sair para fora de todas as casas, de todas as lógicas, de todas as sacadas e ir ser selvagem entre árvores e esquecimentos."
"Passagem das Horas", Álvaro de Campos
08 fevereiro 2010
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